Henrique Cabral: learn to fly

20 April 2008

Se a moda das reviravoltas pega

Estive a pensar e acho que no Jamor, no dia da final da Taça de Portugal, muitas pessoas irão ao engano. Benfiquistas, que vão ver o jogo porque acham que vão à final com o Porto. São pessoas que ainda não sabem que o Sporting eliminou o Benfica pela simples razão de que saíram ao intervalo, quando o resultado era 2-0 para o Benfica. Estas pessoas pertencem a um grupo que não acredita no que leu nos jornais no dia seguinte porque tem para si que 99% das notícias que saem nos jornais não corresponde à verdade, à excepção do que lêem no 24 Horas. Embora lhes apetecesse ver a segunda parte, saíram no final da primeira quando muitos dos seus «amigos» sportinguistas também saíam, cabisbaixos pela humilhação. Estes sportinguistas temiam que na segunda parte o resultado atingisse proporções épicas e o resultado chegasse a 8-0. Numa aparente demonstração de desportivismo, aqueles benfiquistas abraçaram os arqui-inimigos e foram com eles beber cervejolas, para afundar as mágoas. Como é evidente, ninguém acredita nas suas angelicais intenções e como é bom de ver e fácil de perceber, o real objectivo destes era o mesmo de sempre: não perder a oportunidade de, mais uma vez, poder ir dizendo: «deixa lá, pá, que pá próxima há mais, sabes bem que nunca acreditaste a sério que, com aquele cabelinho, o Paulo Bento levasse o Sporting a algum lado» e «somos amigos, meu, isso é que é importante, estou contigo mesmo nas derrotas. Mas que o Benfica vos limpou mais uma vez o sarampo, isso é que é verdade. Mas deixa lá, pá, eu fico contigo, nem preciso de ver a segunda parte porque vai ser um massacre para vocês e eu até tenho pena». A malta sportinguista que não resistiu e saiu no intervalo não irá igualmente à final, porque também não lhe parece possível a reviravolta. Assim, tenho para mim que o Jamor estará a 50% no dia do jogo. E que os gajos das bifanas vão vender menos. Talvez dobrada à moda do Porto.
Agora, isto das reviravoltas dá muitas ideias a muita gente. Por exemplo, o PSD, passou a achar que ainda é possível ganhar as eleições de 2009. Pois se a 25 minutos do final do jogo o Benfica ganhava por 2-0 e depois perdeu por 5-3, e se o dia em que estamos corresponde sensivelmente ao mesmo momento, relativamente à data das eleições e ao período da legislatura, tudo se tornou de repente possível. Vai daí, Aguiar Branco e Pedro Passos Coelho passam à condição de candidatos à liderança do PSD e Luís Filipe Menezes demite-se, por não estarem reunidas as condições para liderar. Isto das analogias com o futebol também dá que pensar. Mas se levarmos um pouco mais longe esta ciência exacta das analogias, rapidamente concluiremos estarmos perante realidades não comparáveis: enquanto o Sporting conduziu a reviravolta com base em muito querer, no PSD o querer manifesta-se, mais coisa menos coisa, assim (a fazer fé no Expresso deste fim de semana):

Rui Rio, afinal, parece que é o preferido;
Manuela Ferreira Leite parece apoiar Rui Rio;
Aguiar Branco, afinal, parece que «espera para ver», seja lá o que for que isto quer dizer;
Afinal, Menezes hesita; mas parece que Ângelo Correia o trava. Isto parece significar que existem ainda fortes hipóteses de ficar exactamente tudo na mesma;
Santana Lopes pode avançar, se Menezes não for (não for aonde, ele não é líder? Não bastava não se demitir para poder ficar? Sair e voltar para ser novamente legitimado, acalmará os ânimos e acabará com a oposição interna? Genial, esta estratégia de Menezes….);
Passos Coelho vai, de qualquer modo;
Patinha Antão também;
José Miguel Júdice sugere a fusão dos dois partidos;
Tudo isto, parece sugerir a confusão total!

Prof. Marcelo, não se importa de explicar como funciona o PSD, hoje em dia, isto se já estiver melhor da constipação?

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