Henrique Cabral: learn to fly

19 March 2008

(a blogoparvoíce habitual, deu, como poderão ver 2 posts abaixo, lugar a alguma lamechice, rara por estas paragens… Alerto, pois, para pessoas eventualmente mais sensíveis. Digamos que, dentro do âmbito do presente blog (don’t orri, be ape), aquele post não é aconselhável a pessoas eventualmente sensíveis. Tem, por isso, bolinha.)
Um Bálsamo de vida

Hoje é Dia do Pai.
Ofereceram-me um cheirosinho bálsamo After-shave.
Fiquei a pensar: «será que depois de o usar, ficarei embalsamado»?






A tal bolinha para pessoas eventualmente mais sensíveis (vêem, no canto direito, como mandam as regras?)
Prémios de reconhecimento: avaliação de desempenho, carinho desmedido ou simplesmente…..

Pela primeira vez, não falarei de outros, mas de mim. É que, hoje, estou muito muito muito orgulhoso! Tão imensamente orgulhoso que, qual grito do Ipiranga, não resisto a emitir na blogosfera doses de radiações da minha felicidade. A felicidade deve ser partilhada porque se pode, sem saber, mas querendo-se, ajudar quem dela tenha défice. Por isso também usa dizer-se: «transbordo de felicidade». No meu caso, o resultado de transbordar de felicidade seria uma espécie de espraiar da mesma pela blogosfera.

Mas hoje, para além de orgulhoso, estou também um pouco confuso. Eu explico.

É o Dia do Pai. Por isso, para além do bálsamo, recebi uma medalha e uma taça. A medalha diz, numa deliciosa inscrição: «Pai: 1º lugar». A taça (que é mesmo uma taça, se dela não publico uma foto é porque a deixei no meu local de trabalho e, como a levei para as minhas reuniões de hoje à tarde, nem sequer tive tempo para a fotografar), reza assim: «Melhor Pai do Mundo».

Que dizer? Que eu preferia um avião, porque adoro voar, já eles sabiam. Que eu preferia um barco, porque adoro mar, também. Restou-me mostrar-lhes um pedacinho de mar salgado…que me deslizou sub-repticiamente pela face….e com eles voar para sempre.

Fiquei orgulhoso, já disse e não me canso de repetir. Mas fiquei igualmente confuso: terei eu recebido um prémio de reconhecimento, fruto da avaliação de desempenho (tão na moda) que de mim terão feito? Julgo que sim. Mas…e as inscrições? Deliciosas, à primeira vista, é certo. Mas, numa análise mais fina: «Pai, 1º lugar» e «Melhor Pai do Mundo»….É que, lá em casa, não há mais pais, sou só eu, o Pai. Daí o ter ficado confuso: 1º lugar? Quererá isto dizer que poderia ter ficado em 2º? Ou ainda, eventualmente, muito pior classificado?

De facto, não estou confuso. Estou antes, como direi, aterrorizado! Só me resta agradecer a essa tão malfadada, avaliação de desempenho. A avaliação de desempenho veio ajudar-me a crescer. Veio ensinar-me que, apesar de ser já o 1º, ainda poderei ser melhor…..se nunca me esquecer como devo exercer o meu papel de Pai!

Mais uma coisinha: hoje sinto que o meu grito do Ipiranga não será um grito sem eco. Fazem, pois, favor de ser felizes!

16 March 2008



Condor

I wish I could be like a bird in the sky,
How sweet it would be if I found I could fly
Well I' d zoom to the sun and look down at the sea
And I sing, cause I know, how it feels to be free.

12 March 2008

(Para cantarmos, todos juntos, enquanto digerimos a crónica: http://www.psd.pt/default.asp?s=11617&accao=&l=13&u=13 - altamente recomendável para dar ambiente)

A Soberba de Luís Filipe Menezes

Luís Filipe Menezes aproveitou o 3º aniversário do Governo de José Sócrates para, pela primeira vez, pedir aos eleitores "uma maioria expressiva" para o PSD nas legislativas de 2009. No final de uma reunião de três horas que juntou num hotel de Lisboa militantes do partido e independentes para fazerem o balanço da governação socialista, o líder do PSD defendeu que "os cinco pontos que nos separam do PS não são nada" e concluiu: "Estamos aí. Já ganhámos o estatuto de poder acreditar na vitória".

Bom, daqui, importa reter, fundamentalmente, que Luís Filipe Menezes mudou finalmente de estratégia: de esbugalhado com aspecto de cachorro São Bernardo triste comentador das más actuações do governo PS a esbugalhado e ainda com feições de meter mais dó pedinte. Mostrando conhecer bem Portugal, sabe que o trabalho não leva a lado nenhum e que, com a actual taxa de desemprego, mais vale ir para a estrada pedir. Pede, então, "uma maioria expressiva" para o PSD nas legislativas de 2009. Ok, lembro-me uma vez de, quando era mais pequenino do que sou agora, ter pedido aos meus pais um avião a jacto. Descobriu ainda (e informa-nos) que «Está aí», aliás, de que «Estamos aí». Como na sessão de balanço da actuação do governo estavam cerca de 50 pessoas, Menezes pôde facilmente apontar para o fundo da sala e, depois de ter batido com o punho cerrado no coração e ter dito «Vocês estão aqui», para os que do fundo da sala perguntaram «O quê? Fala mais alto, ó urso!», respondeu, porque ouve menos bem, «Estamos aí». Diz quem viu, ter-se tratado do momento alto do encontro.

Inspirado nas novas propostas do Vaticano, Menezes apontou ainda sete pecados "dos que não dão direito a absolvição" ao Governo de José Sócrates: "um fragilíssimo crescimento económico, o desemprego, a institucionalização de um clima de desconfiança perante as opções estratégicas do Estado, uma política de abandono do território nacional, o reforço do centralismo do Estado, a desqualificação da democracia portuguesa e a insensibilidade social". Nisto, a Igreja foi mais modesta, apresentando apenas na lista de pecados o uso de drogas que destroem o cérebro, a exploração dos pobres pelos mais ricos, a poluição do meio ambiente e a manipulação do ADN. Conclusão: Se Sócrates é um pecador na perspectiva de Menezes, Menezes é um pecador na perspectiva do Vaticano. Isto promete, começa finamente a aquecer!

Finalmente, Menezes optou por mudar igualmente o logótipo do PSD: a sigla Mudar Portugal e a seta laranja, que agora aparece diluída numa base azul. Diz que o novo hino não mais será «Paz, pão, sonho e liberdade, todos sempre unidos no caminho da verdade» mas sim «Levei-o no meu sonho azul, azul, azul, da cor do céu, levei-o comigo, num sonho azul da cor do meu», que deverá ser cantado por históricos do PSD, enquanto transportam Menezes, em braços, largamente ovacionado, para fora da sala de congressos ou da sede do PSD, para todo o sempre.

06 March 2008


Novos Menus Mc Donald’s

Tenho reflectido bastante sobre a actuação da ASAE. Para além da campanha que lancei num post perto de si (chamo à atenção para a expressão post perto de si que foi, em tempos, copiada por uma conhecida rede de supermercados cujo nome não posso pronunciar, por questões de compromissos publicitários que não tenho e que podia ter, mas que começa em pingo e acaba em doce), «um relógio Swatch com ovelhinhas para ajudar a comprar o mobiliário em inox para a queijaria de Laura Lopes», o facto de a ASAE ter apreendido recentemente latas Coca-cola que estavam a ser vendidas nos supermercados cujo nome não posso igualmente pronunciar por compromissos publicitários que não tenho mas podia ter, mas que começa por inter e acaba em marché (http://clix.expresso.pt/gen.pl?p=stories&op=view&fokey=ex.stories/254910), pela módica quantia de 19 cêntimos, é meu dever comunicar-vos agora que fontes bem informadas me transmitiram que a Mc Donald’s poderá estar a caminho da customização ao cliente português, planeando para breve o lançamento de um Mc Menu Lusitano.

As latas de Coca-cola apreendidas, à venda a 19 cêntimos (p.v.p), constituem uma ignomínia insustentável para a ASAE. Como é evidente, ver um cliente que, ao chegar à caixa, se apresenta com uma moeda de 20 para pagar uma bebida e ainda levar um eco-saco, é bastante deprimente e pode complexar um inspector mais desprevenido, desses tipo polícia de choque, levando-o, eventualmente, à carnificina geral (o que, no caso de um inspector da ASAE, representa uma maciça apreensão de carne embalada num desses grandes armazéns do norte do país). É claro que a ASAE ao apreender este artigo (parece-me bem a expressão «este artigo») mais não fez do que cuidar do bem estar do consumidor, protegendo-o do maléfico dumping que, ao nível do consumidor, lhe permite levar mais uma lata de atum e uma pasta de dentes de marca branca para casa, lata e pasta essas que poderão ter já ultrapassado as respectivas datas de validade. Como é evidente, e quem tiver conhecimentos de economia sabe que é verdade o que escrevo, prevenir o dumping permite prevenir, a prazo, o emprego, uma vez que assegura que a margem de comercialização líquida permite cobrir a estrutura de custos que possibilita a sobrevivência de uma indústria, ajudando à sua competitividade no mercado. Então se falarmos em mercado global, nem se fala. Só assegurando a sustentabilidade das empresas, cuidamos de defender o emprego, através da fixação de indústrias no nosso país. É precisamente o caso da Coca-cola, essa grande empresa nacional, com sede em Azevinho de Alguilhares, que daí exporta para o mundo inteiro e sobretudo para a India. Aliás, o Sr. Ernesto Coco, dono desta grande empresa, chegou a acordo muito recentemente com o Senhor Ratan Tata, para a venda maciça de Coca-cola na Índia. Sem este acordo, nunca seria possível ver esta grande marca naquele país. Talvez por isso a ASAE tenha optado por avançar com a apreensão, não fossem os lucros desta empresa nacional baixar a níveis comprometedores.

Posto isto, poderei agora retomar o tema de abertura, relacionado com o novo menu Lusitano Mc Donald’s. É que, sabe-se agora, a grande cadeia de hamburgers adquire normalmente as suas Coca-colas no…Intermarché. Pois é, para que nós consumidores possamos adquirir um menu por pouco mais de 1 euro, é absolutamente fundamental que as Coca-colas não excedam os 19 cêntimos. A apreensão efectuada poderá pôr em causa a composição do novo menu.
Cacto fedorento sabe que o novo menu previa a substituição da famosa fatia de cheese, amarelo-alaranjada, por um naco de queijo da Serra da Estrela, proveniente da nova queijaria de Laura Lopes, caso esta responda às exigências recentes da ASAE, relativas à substituição da mesa de pedra e do armário de madeira por peças em inox.

02 March 2008

Habilitações para se ser primeiro-ministro

Ao passar os olhos pelo Diário de Notícias de domingo, 2 de Março de 2008, deparei-me, a dada altura, com o seguinte título: «Sócrates furioso com atrasos no QREN». A reflexão que aqui quero deixar prende-se mais com o título do que com a substância da notícia. Não cuido pois de saber se o facto de o QREN estar em vigor desde 2007 e ainda não existirem projectos contratualizados é bom ou mau para o país, se os 7 mil milhões de euros, correspondentes à dotação de 2007, se perderão, se existe ou não atraso que conduza à perda de recursos para o investimento. Muito menos cuidarei de saber se afinal, como refere o ministro Nunes Correia, foi a mensagem de que estava em causa a competitividade e a valorização do potencial humano que não passou para os municípios (suponho que quererá dizer, presidentes de câmara, vereadores e afins, dado municípios ser – acho eu – um pouco vago…) ou se eventualmente esta mensagem não terá passado por, digamos, alguma falta de coerência entre a dita e o que vemos, na prática. Ou se uma mensagem destas, que refere competitividade e valorização de potencial humano poderá algum dia ter eco em Portugal. Não, não cuidarei saber nada disto, não porque não me interesse mas sim porque, já aprendi que, em Portugal, quando se trata de servir a coisa pública, o nosso comportamento terá normalmente que ser o seguinte: primeiro, preocuparmo-nos, a seguir, envolvermo-nos (não gosto da palavra «empenharmo-nos», que acho desajustada às situações em que habitualmente é utilizada), depois desmotivarmo-nos (passo as questões que nos conduzem à mesma que são do conhecimento de todo o português honesto, com coluna vertebral adquirida ao longo da respectiva educação), depois deixarmos de querer saber (até por uma questão de defesa pessoal) e, finalmente, mandarmos Portugal às urtigas (se, para isso tivermos coragem e alguém que nos acompanhe na aventura). Por isso, confesso, não quero saber.

Aquilo que me interessa, é a mensagem. Ou as mensagens. Passo a explicar.
«Sócrates furioso com atrasos no QREN» e «primeiro-ministro chama a si dossier sobre o quadro estratégico», o que querem exactamente dizer?

(Sr. Primeiro-ministro, agradeça-me, pois graças a mim pelo menos uma das múltiplas mensagens que quer fazer passar, passará, chegará a milhares de portugueses. Vá, centenas. Dezenas, talvez. Ok, três ou quatro, que são os que lêem este blogue.) (Na realidade, não necessita de me agradecer, o esforço para o entender acaba por não ser muito. Vá, nenhum.)

Bom, aquilo que o Sr. PM quer que percebamos é: «O sôr Sócrates só tem chatices, agora são os ministros que não fazem nada, não têm preocupações com o dinheiro que se poderá vir a perder, no fundo, delapidam os recursos públicos, ele teve inclusivamente que pegar (reparem na bondade do termo) no dossier e responsabilizar-se, pessoalmente por ele, tadinho.» Bom, ok, o tadinho poderá estar a mais, admito.

É claro que, percebendo eu tão bem o Sr. Primeiro-ministro, comecei de imediato a pensar que me poderei candidatar a PM, eu também. Daí até tentar perceber quais as habilitações adequadas para o cargo, foi um passo. E foi então que concluí que necessito de alguns cursos para além da formação que possuo. Não me bastarão doutoramentos, mestrados ou bastante experiência profissional. Aliás, essa não será a formação adequada, de todo. Necessitarei, isso sim, de cursos de transmissão de mensagens por sinais de fumo, transmissão de mensagens por código Morse, transmissão de mensagens por sms, entre outros, para ver se as mensagens passam. Porque à lei da bala não poderá ser por ser relativamente pouco democrático.

A dúvida que tenho agora é a seguinte: será que no QREN encontrarei as fontes de financiamento necessárias para a qualificação do meu evidente «potencial humano»?

Um precioso auxiliar para o ajudar a pronunciar o nome do próximo presidente russo

Como se sabe, Dimitry Medvedev ganhou as eleições na Rússia e sucederá a Putin. Neste momento, mais do que saber se o perfil deste senhor é adequado às exigências das futuras funções, importa saber pronunciar o seu nome.

Daí a necessidade deste auxiliar. Se Putin se pronunciou durante algumas semanas, no ocidente «Pudim» até o auxiliar existente na altura funcionar (cacto fedorento não existia há data, mas algures num outro blogue existia um auxiliar do tipo daquele que agora se apresenta), suspeito que Dimitry Medvedev levará mais tempo a ser correctamente pronunciado. [note-se que existe uma alternativa ao dispor que é ignorar o nome e dizer apenas Med Ved (mais fácil)]. Caso não o pretenda, eis então o precioso auxiliar:

1. Nunca se referir ao próximo presidente russo como Dimitry Medvedev;
2. Se Dimitry não chega como nome único por ser demasiado banal na Rússia (do mesmo modo que não se utiliza George, preferindo-se apenas na maior parte das vezes Bush, Nicolas, preferindo-se Sarkozy, Aníbal, preferindo-se Cavaco Silva ou José, sendo normalmente preferível a utilização do nome do filósofo Sócrates - em política, é conveniente usar sempre o nome mais difícil, dada a complexidade da tarefa que têm que levar a cabo), há que escolher então, para nome único, Medvedev;
3. Separar pois Medvedev em duas palavras: Mede e vedieve (reparem que a segunda palavra será Vedieve e não Vedev);
4. Conjugar o verbo medir, na terceira pessoa, por diversas vezes;
5. Dizer «Você dieve-me dinheiro» (você deve-me dinheiro em russo), várias vezes, até consolidar;
6. Juntar Mede + Vedieve e repetir até ter a certeza de que já não fará triste figura em publico.

Já agora, importa perceber porque ganhou Dimitry Medvedev, as eleições na Rússia e como conseguiu convencer os cerca de 108 milhões de russos a votar nele. A razão prende-se muito mais com o mérito dos restantes candidatos: por influência da comunidade internacional, que assim pediu o primeiro favor que se conhece nos últimos anos aos russos, foram os próprios russos que decidiram apoiar a comunidade internacional, em nome da continuidade do bom entendimento entre os diferentes blocos do planeta. Assim, o pedido para que Gennady Zyuganov, Vladimir Jirinovsky ou Andrei Bogdanov não vingassem, por terem nomes bastante difíceis de pronunciar pelos jornalistas e políticos ocidentais, acabaria por permitir a eleição desse grande homem que é Dimitry Medvedev, «urso» para os amigos!