Henrique Cabral: learn to fly

09 October 2008


Onda de criminalidade

Não é verdade que o crime esteja gradualmente a aumentar em Portugal. Ah, mas e os assaltos a ourivesarias? Não estão a aumentar por toda a parte? Não, o que acontece é que, como a economia está a prosperar, há mais ourivesarias a abrir, um pouco por toda a parte. Como todos já reparámos, a procura ao ouro aumentou em flecha desde o início da crise financeira. Já existiam assaltos em Carnaxide ou Freixo de Espanha à Cinta, não existiam era ourivesarias. Há assim um novo mercado que se abre não só à sociedade mas também aos gangs existentes. E os assaltos às caixas de multibanco? Mantém-se o número das estatísticas de anos anteriores que terá diminuído até. Há é mais grandes superfícies e centros comerciais e toda a gente sabe que numa grande superfície ou num centro comercial que se preze há sempre uma caixinha portátil de MB. Na era do Magalhães e dos números de telemóvel transitados de rede, não vos parece lógico que também os MB acompanhem a tendência de portabilidade? (Deixa-se aqui a sugestão para o redesenho das caixas de MB que actualmente não parecem nada confortáveis de carregar). E os bancos, as inúmeras agências bancárias assaltadas ultimamente? Nada menos verdade. Os gangs actuais sabem que há cada vez menos liquidez no mercado e portanto que menos dinheiro é depositado nestes balcões. Como os assaltos a uma agência ainda não permitem o sequestro da mesma até que o dinheiro retorne de paraísos fiscais como as Ilhas Caimão, como é evidente os assaltos são apenas pretextos para brasileiros, ucranianos e muitos portugueses tomarem contacto com os novos balcões e para os próprios bancos publicitarem gratuitamente os seus novos balcões, graças à cobertura noticiosa destas visitas. Trata-se, pois, na realidade, de nova clientela. E os alegados assaltos a bombas de gasolina? Confusão total. Os verdadeiros assaltos são aqueles de que são alvo os automobilistas, todos os dias. Mas a grande prova de que a criminalidade não aumenta em Portugal, está no título de mais uma notícia que recentemente li num dos pasquins da nação: «Foi com grande surpresa que a polícia descobriu em flagrante ladrões que tentavam assaltar uma ourivesaria em Setúbal». Vêem? Não é romântico? Polícias descobrindo ladrões que, apesar de serem apanhados em flagrante, tentavam assaltar uma ourivesaria? O flagrante é da tentativa, não do assalto. Ora isto demonstra, por si só, a grande confusão que graça entre aquilo que são assaltos e tentativas e, como todos sabemos, as estatísticas são cegas a estes aspectos. Mesmo assim, é bom saber que a nossa polícia está cada vez mais atenta e joga na antecipação.

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