Henrique Cabral: learn to fly

12 March 2008

(Para cantarmos, todos juntos, enquanto digerimos a crónica: http://www.psd.pt/default.asp?s=11617&accao=&l=13&u=13 - altamente recomendável para dar ambiente)

A Soberba de Luís Filipe Menezes

Luís Filipe Menezes aproveitou o 3º aniversário do Governo de José Sócrates para, pela primeira vez, pedir aos eleitores "uma maioria expressiva" para o PSD nas legislativas de 2009. No final de uma reunião de três horas que juntou num hotel de Lisboa militantes do partido e independentes para fazerem o balanço da governação socialista, o líder do PSD defendeu que "os cinco pontos que nos separam do PS não são nada" e concluiu: "Estamos aí. Já ganhámos o estatuto de poder acreditar na vitória".

Bom, daqui, importa reter, fundamentalmente, que Luís Filipe Menezes mudou finalmente de estratégia: de esbugalhado com aspecto de cachorro São Bernardo triste comentador das más actuações do governo PS a esbugalhado e ainda com feições de meter mais dó pedinte. Mostrando conhecer bem Portugal, sabe que o trabalho não leva a lado nenhum e que, com a actual taxa de desemprego, mais vale ir para a estrada pedir. Pede, então, "uma maioria expressiva" para o PSD nas legislativas de 2009. Ok, lembro-me uma vez de, quando era mais pequenino do que sou agora, ter pedido aos meus pais um avião a jacto. Descobriu ainda (e informa-nos) que «Está aí», aliás, de que «Estamos aí». Como na sessão de balanço da actuação do governo estavam cerca de 50 pessoas, Menezes pôde facilmente apontar para o fundo da sala e, depois de ter batido com o punho cerrado no coração e ter dito «Vocês estão aqui», para os que do fundo da sala perguntaram «O quê? Fala mais alto, ó urso!», respondeu, porque ouve menos bem, «Estamos aí». Diz quem viu, ter-se tratado do momento alto do encontro.

Inspirado nas novas propostas do Vaticano, Menezes apontou ainda sete pecados "dos que não dão direito a absolvição" ao Governo de José Sócrates: "um fragilíssimo crescimento económico, o desemprego, a institucionalização de um clima de desconfiança perante as opções estratégicas do Estado, uma política de abandono do território nacional, o reforço do centralismo do Estado, a desqualificação da democracia portuguesa e a insensibilidade social". Nisto, a Igreja foi mais modesta, apresentando apenas na lista de pecados o uso de drogas que destroem o cérebro, a exploração dos pobres pelos mais ricos, a poluição do meio ambiente e a manipulação do ADN. Conclusão: Se Sócrates é um pecador na perspectiva de Menezes, Menezes é um pecador na perspectiva do Vaticano. Isto promete, começa finamente a aquecer!

Finalmente, Menezes optou por mudar igualmente o logótipo do PSD: a sigla Mudar Portugal e a seta laranja, que agora aparece diluída numa base azul. Diz que o novo hino não mais será «Paz, pão, sonho e liberdade, todos sempre unidos no caminho da verdade» mas sim «Levei-o no meu sonho azul, azul, azul, da cor do céu, levei-o comigo, num sonho azul da cor do meu», que deverá ser cantado por históricos do PSD, enquanto transportam Menezes, em braços, largamente ovacionado, para fora da sala de congressos ou da sede do PSD, para todo o sempre.

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